19. Quinta do Sagrado VT 08

Região: Douro, Portugal
Preço: 25€

Nota: Blend de Touriga Nacional (50%), Vinhas Velhas (40%), Touriga Franca e Tinto Cão. Muita intensidade aromática com fruta preta em compota e ameixa seca. Na boca é quente, volumoso, com taninos suaves, notas de chocolate e algum licoroso. Em excelente fase de consumo.

Ivan Ferreira, 1962

Após um longo almoço vínico, sentado à minha frente, Ivan Ferreira: médico Endocrinologista, natural de São Paulo. Antes de mudar-se para Portugal, em 2009, o Ivan já tinha visitado a Europa por duas ocasiões (mas nunca tinha conhecido o território português). Quando finalmente descobriu o Porto foi amor à primeira vista. “Eu podia viver aqui”, pensou. E assim seria.

Bem antes disso, Ivan concluiu o curso de Medicina em 1985, no mesmo ano em que começou a interessar-se por vinho. Os primeiros anos foram de aprendizagem e de consumo de vinho nacional. O Brasil plantava algumas uvas como Merlot, Cabernet Sauvignon ou Tannat. Apesar de algumas excepções positivas, no geral a qualidade era escassa. No entanto, no início da década de 90 começou a comprar vinho estrangeiro, tendo descoberto algumas maravilhas do Chile, Argentina, França e Itália.

Em termos profissionais, Portugal está longe de ser o melhor país do mundo. Por isso, o Ivan, juntamente com a mulher Liane e o filho André, já tentaram a sorte noutros países. Na Arábia Saudita ganha-se bem. Mas a mentalidade das pessoas é o que se conhece. A Dinamarca foi uma agradável surpresa, tinha até algumas boas lojas de vinho. Mas a língua de Dreyer é difícil. Regressaram, portanto, a Portugal, de onde não parecem querer sair. E o nosso país só fica a ganhar com os seus experientes 30 anos de especialidade em Endocrinologia e Diabetes.

Embora o Ivan preze bastante alguns vinhos do Novo Mundo, incluindo variadíssimos brancos da Nova Zelândia e Austrália, continua a preferir as rolhas de cortiça às cápsulas. É verdade que, assim, abrir o vinho dá mais trabalho e a rolha pode ter defeito, mas “faz parte do ritual”, refere. Concluímos que ambos apreciamos esse lado ritualístico da experiência de beber vinho: abrir a garrafa, provar, fazer brindes. Preferencialmente entre amigos.

Terminamos a conversa falando acerca dos melhores vinhos portugueses que o Ivan diz ter bebido: ambos de 2004, um Quinta do Vale Meão e um Niepoort Batuta. Estrangeiros não esquece um Don Melchor 2003 e um Château Mouton Rotschild 1989. Curiosamente, na noite em que bebeu este último vinho também apanhou uma das maiores desilusões da sua vida vínica: um Château Cheval Blanc, pior pontuado da noite em prova cega.

Sempre que vai ao Brasil, o Ivan leva as garrafas que pode na mala. Vinho português (tinto, branco, espumante, fortificado…) para oferecer e partilhar com familiares e amigos. São felizes as memórias que recorda. E, agora, de copo na mão e sorriso para a câmera, faz um último brinde. A Portugal, ao Brasil, à nossa.

 

 

18. Implicit Branco 2014

Região: Alentejo, Portugal
Preço: 7€

Nota: Combinação invulgar de Alvarinho (50%), Viognier (40%) e Roussanne (10%) em solos alentejanos. Nariz perfumado, com elegantes notas florais e fruta tropical mais madura. Na boca o vinho é seco e frutado (fruta de caroço), de corpo médio, acidez correcta e final médio. Uma proposta diferente, de um alentejano que mais parece um vinho do “Novo Mundo”.