Ivo Moreira, 1993
Estávamos no início do 10º ano, na primeira aula de Filosofia. A disciplina era nova, a turma também. A professora, aparentemente mais inventiva do que reflexiva, decidiu perguntar: qual o maior sonho (ou seria objectivo?) das nossas vidas. Tínhamos 14, 15 anos. Não sei o que eu próprio respondi. A Catarina também lá estava. Desconheço igualmente o que respondeu. Mas recordo-me da resposta do Ivo: ser jogador de hóquei em campo na Holanda. Não precisou sequer de 10 anos para o cumprir.
É na Holanda, mais concretamente em Venlo (perto da fronteira com a Alemanha), que o Ivo joga. Em período de férias, encontramo-nos no Porto, para beber um Alvarinho, mas daqui a algumas semanas ele já estará de regresso à Holanda. Antes disso, tem ainda compromissos com a Selecção Nacional. Viagens e competições, uma rotina a que está bem habituado.
Licenciado em Ciências do Desporto pela FADEUP (Faculdade de Desporto da Universidade do Porto), o Ivo tem dedicado os últimos anos à sua grande paixão: o hóquei em campo. Sendo este um desporto com poucos praticantes em Portugal, o Ivo tem procurado lugares muito distintos. Antes de Venlo, Canterbury. Antes de Canterbury, Las Palmas. E antes de tudo isto, já o jogador português aproveitava as férias de verão para fazer formação em summer camps de Barcelona e Amesterdão.
Curiosamente, o desportista Ivo foi uma das primeiras pessoas com quem comecei a beber vinho. A escolha era quase sempre a mesma: tinto, de preferência EA (da Fundação Eugénio de Almeida). Um vinho, todavia, a que nunca mais regressámos. Como agora é costume encontramo-nos em tempo de calor, optamos por brancos. A escolha de hoje é um Soalheiro Alvarinho 2016, um vinho que deu origem a uma das primeiras notas de prova do blog.
Na Holanda tem bebido pouco vinho. A escolha mais óbvia é cerveja. Para o ano, isso talvez mude. Nos últimos tempos, após o fim do campeonato holandês, o Ivo tem-me enviado por WhatsApp fotos e vídeos de cartas de restaurante ou prateleiras de supermercado. A pergunta é sempre: “o que escolho?”. A minha última sugestão foi um Sauvignon Blanc da Nova Zelândia. Ele gostou.
Além de jogador, para o ano, o Ivo será um dos responsáveis pela coordenação da formação no clube holandês. A estas actividades acresce igualmente o projecto Self-Pass (www.self-pass.com), uma referência internacional para os aficionados de hóquei em campo, gerido pelo Ivo e outros quatro portugueses. O sucesso é tremendo e no Instagram têm mais de 80 mil seguidores.
Quando a garrafa de Solheiro está a chegar ao fim, e já com a Catarina de máquina fotográfica na mão, o Ivo levanta-se para ir buscar uma tábua de queijos. De barriga mais cheia, pergunto-lhe qual o maior sucesso desportivo da sua carreira. Ele responde-me que foi subir à Divisão A (oito melhores equipas da Europa) com Portugal em sub-21. Mas isso é passado. E se eu fosse a professora de Filosofia ter-lhe-ia perguntado qual o maior (novo) sonho da sua vida.
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Parabéns Ivo, primeiramente pela pessoa que és, como atleta de exemplo e por último como bom apreciador dos prazeres da vida e o vinho é um. Sempre com moderação.
Há nossa, abraço.